Para o sucesso da operação, contribuiu o envolvimento governamental da República de Montenegro, do Cônsul Honorário do Montenegro em Portugal, bem como do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e das autoridades de saúde nacionais.
O BUVDA, graneleiro handymax, carregado de trigo, tinha como destino Lagos, na Nigéria. A bordo do navio operado pelo armador montenegrino Barska plovidba AD, seguiam 22 tripulantes há nove meses no mar.
A operação da Garland teve início uma semana antes da paragem prevista para Lisboa, a última oportunidade para realizar a rendição, já que a mesma também não seria possível na Nigéria, onde a estadia seria igualmente longa. Os contactos institucionais com as autoridades sanitárias, SEF e fornecedores foram os primeiros passos de um serviço extremamente condicionado pelas medidas de contingência impostas pelo Governo Português face à pandemia de Covid-19, exigindo-se que os novos tripulantes a embarcar em Lisboa teriam antecipadamente de testar negativo à doença e obter os respectivos certificados. Para garantir o devido distanciamento, o BUVDA teria ainda de permanecer ao largo e sem contacto com terra, pelo que foi necessário recorrer a um rebocador.
Os 23 tripulantes que viriam a render os colegas foram testados à Covid-19 ainda no Montenegro. No entanto, como os resultados dos testes só seriam conhecidos na véspera da chegada do navio a Lisboa, foi necessário recorrer ao Cônsul Honorário do Montenegro em Portugal para atestar a validade dos mesmos, já que estavam escritos em sérvio. Depois, e, em tempo recorde, a Garland obteve autorização para a operação junto das autoridades portuguesas.
Os 23 tripulantes que embarcaram em Lisboa no BUVDA, partiram do aeroporto de Podgorica, num avião fretado da Montenegro Airlines, na manhã de sábado, 9 de maio. Uma vez chegados à capital portuguesa, seguiram de autocarro para o Estuário do Rio Tejo. Com o navio fundeado no Mar da Palha, foram divididos em dois grupos e transportados em duas viagens de rebocador ao BUVDA, rendendo assim os seus colegas, que, por sua vez, foram transportados de autocarro ao Aeroporto Humberto Delgado, de onde seguiram viagem para o Montenegro.
Segundo Carlos Fortuna, director da Garland Navegação, as operações de suporte a navios estão enquadradas no âmbito da acção da Garland Navegação. No entanto, no contexto actual, a operação assumiu contornos desafiantes, de enorme responsabilidade, além de um óbvio valor humanitário. «Com planeamento e rigor em toda a operação e uma colaboração exemplar das nossas autoridades, acreditamos que demos um excelente exemplo de eficiência».