As florestas de mangal são encontradas em regiões costeiras tropicais e subtropicais e oferecem uma série de benefícios ecológicos e socioeconómicos, incluindo o sequestro de carbono, a protecção costeira e a criação de habitat para espécies comerciais importantes. No entanto, esses ecossistemas estão sob ameaça devido a factores como as alterações climáticas, a desflorestação e a poluição. Portanto, é de extrema importância gerir e conservar as florestas de mangal à escala global e para isso é necessário compreender os factores que influenciam a diversidade dessas florestas.
No estudo liderado pelo CCMAR e publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores desenvolveram modelos biofísicos globais para estimar a conectividade entre as populações de mangal com base nos padrões das correntes oceânicas. Essas estimativas foram então comparadas com dados sobre a diversidade genética de milhares de populações de dezenas de espécies de mangal.
Os resultados revelaram que a direcção e a intensidade das correntes oceânicas são fatores determinantes para a diversidade genética das florestas de mangal. Segundo Lidiane Gouvêa, investigadora do CCMAR e primeira autora do estudo, “as correntes oceânicas têm um papel fundamental na diversidade genética dos mangais, permitindo ou interrompendo o fluxo genético entre populações”. Isso significa que possíveis mudanças na direcção e na intensidade das correntes oceânicas podem levar ao isolamento das populações e dificultar a troca de genes. Ao longo do tempo, esse isolamento pode levar a uma diminuição da diversidade genética e aumentar o risco de extinção das populações.
Jorge Assis, investigador do CCMAR e autor sénior do estudo, ressalta que essas descobertas têm implicações importantes para a conservação e gestão dos mangais num contexto de mudanças climáticas e afirma: “Com o tempo, esse isolamento poderá levar a uma diminuição da diversidade genética das populações, aumentando o risco da sua extinção, o que tem implicações directas para as comunidades de países tropicais que dependem directamente das florestas de mangal”.
Esse estudo oferece perspectivas valiosas sobre o papel das correntes oceânicas na biodiversidade dos mangais e destaca a urgência de proteger estes ecossistemas e as espécies que deles dependem. A conservação adequada desses ambientes naturais é essencial para garantir a preservação da diversidade genética das florestas de mangal e a sobrevivência das suas espécies. Compreender o papel das correntes oceânicas nesse processo é crucial para o desenvolvimento de estratégias de gestão e conservação eficazes.