A indústria de cruzeiros na Europa, representada pela CLIA Cruise Lines International Association, tem mostrado grande preocupação com a sustentabilidade ambiental, adotando diversas medidas para reduzir seu impacto, nomeadamente ao nível da redução de emissões que são libertadas pelos navios, não só em mar como também em terra.
Durante a Porto Maritime Week, no painel dedicado ao tema “A indústria de cruzeiros e o desenvolvimento sustentável”, José Alberto Celis, da CLIA Europe, referiu que «o foco principal da indústria de cruzeiros é a sustentabilidade e a eficiência energética. Este é um setor cujos navios representam menos de 1% do total da indústria do shipping, mas tem um impacto massivo na Economia europeia e um grande impacto ao nível das emissões».
Atualmente, 98% dos navios de cruzeiros de todo o Mundo são construídos na Europa, numa indústria que representa mais de 50 mil milhões de euros e 400 mil empregos. Os armadores têm feito um trabalho relevante nesta área, principalmente no que concerne ao investimento em novas tecnologias de propulsão dos navios, otimização de motores, sistemas de limpeza de gases de escape, sistemas de eficiência de combustível e tecnologias de OPS – Onshore Power Supply. Esta tecnologia, que permite que os motores sejam desligados quando o navio está atracado, conectando-se à rede elétrica do porto, minimizando o consumo de combustível e emissões, já está disponível em cerca de 60% da frota de cruzeiros a nível mundial.
No entanto, conforme referiu José Alberto Celis, menos de 10% dos portos europeus têm sistemas de OPS instalados. «Até 2030 a UE requer que todos os portos tenham de ter estas ligações», salientou o responsável da CLIA Europe, adiantando que 21 portos europeus já possuem financiamento aprovado para avançar com a instalação de sistemas OPS, incluindo os principais portos portugueses de cruzeiros, nomeadamente Lisboa, Leixões e Funchal.
No entanto, e apesar de estes projetos já estarem em curso, os stakeholders do setor já se questionam sobre quais serão os custos associados à instalação destes sistemas. Hugo Basto, da Mystic Cruises adiantou, durante o mesmo painel, que os armadores já estão «preocupados com os valores que as administrações portuárias irão cobrar em termos de kW/hora, quando tivermos os nossos navios ligados a terra. E também há dúvidas sobre qual o tipo de tensão que os portos vão implementar».