Carlos Correia associou a cooperação entre todos os stakeholders ao sucesso e ao desenvolvimento do Porto de Setúbal, um ativo da cidade e da região na criação de emprego, no desenvolvimento territorial, económico e no crescimento da qualidade de vida da população. Com relevo para a cooperação com a Câmara Municipal de Setúbal na materialização dos investimentos do porto e do seu desenvolvimento.
O alinhamento com a CMS já permitiu captar investimento nas novas energias, como o da Galp/Northvolt, no valor de 700 milhões de euros, que vão criar 200 empregos diretos e cerca de 3000 indiretos, entre outros em estudo.
Considerou que o porto atravessa uma fase crucial, depois dos investimentos nos acessos marítimos, que permite posicionar a infraestrutura na cadeia logística europeia Shortsea, podendo receber os mais modernos e maiores navios, com enfoque na carga de valor acrescentado, contentores e carga ro-ro, afirmando-se como um porto de nível superior no setor.
Os projetos futuros, com o objetivo de reduzir o impacte ambiental do porto, incluem a melhoria dos acessos ferroviários, com eletrificação das linhas, com arranque previsto para o 2º semestre de 2023; a instalação do sistema Onshore Power Supply para fornecimento de energia aos navios; a adesão às autoestradas do mar, com o transporte de trailers de carga em ferrys.
Por outro lado, será continuada a promoção da relação porto-cidade, na articulação da gestão da frente ribeirinha com a CMS; no desenvolvimento do projeto da marina de Setúbal; no desenvolvimento de zonas dedicadas à náutica de recreio, como a Vila Náutica em Sta Catarina; na pesca e na aquicultura.
O presidente da CMS, André Martins, recordou a relação da cidade de Setúbal com o mar e com o porto como fator de desenvolvimento da região, considerando a Semana do Mar como uma forma de promover esse relacionamento, principalmente, ente os mais jovens.
Salientou a importância do desenvolvimento da plataforma portuária e logística, como um contributo chave para o desenvolvimento da cidade de Setúbal, em harmonia com outras atividades como o turismo e a pesca, destacando ainda, o protocolo assinado, em janeiro de 2022, de gestão partilhada da zona ribeirinha entre o Parque Urbano da Albarquel e a Doca das Fontainhas.
O desenvolvimento do Porto de Setúbal nas próximas décadas foi tema abordado por Vítor Caldeirinha, da APSS, que referiu as caraterísticas únicas do porto, cuja atividade comercial é realizada em harmonia com outras atividades como o turismo, pesca e laser, numa área de jurisdição 70% protegida ambientalmente. Um porto que está ligado a 360 portos de 97 países e que está associado a 35 mil postos de trabalho diretos e indiretos.
Fez notar ainda que o Porto de Setúbal tem vindo a evoluir de porto industrial para um porto de carga de valor acrescentado e que cresceu 24% na última década, carga em contentores e carga ro ro, neste trajeto, com a componente ambiental a caminhar muito positivamente: 30% da carga de e para o porto é movimentada por ferrovia.
O paradigma dos tempos atuais na logística dos transportes está a alterar-se, com a evolução do Just in Time para o Just in Case, adaptada a uma nova realidade de desglobalização e reindustrialização, com novas indústrias verdes, reutilização, reciclagem, apoio à economia circular, digitalização e intermodalidade com o hinterland.
Diogo Marecos, da Sadoport, um dos terminais operados pela Yilport, o 11º maior operador portuário mundial, salientou a importância do Porto de Setúbal na exportação e importação de carga industrial entre a zona de Lisboa e o Algarve, dando a conhecer a intenção do operador em continuar a apostar e investir no porto, referindo como essencial a já executada melhoria dos acessos marítimos ao porto como fator de manutenção da infraestrutura portuária nos portos de primeira linha dos operadores marítimos.
Sandra Pinto, da Comissão Nacional do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, apresentou as oportunidades do PRR aos atores económicos, dando a conhecer o estado atual de execução, o modus operandi do plano, os timings de candidaturas, com datas definidas, e outros elementos preconizados para apoio aos beneficiários finais.
O CEOM – Centro de Experimentação Operacional da Marinha foi apresentado por João Lourenço da Piedade, criado em 2020, tem o objetivo de experimentar e testar novas tecnologias aplicadas a drones aéreos, de superfície e subsuperfície, entre outros novos equipamentos tecnológicos inovadores, principalmente no âmbito da segurança e defesa, mas também de outros intervenientes.
As oportunidades para o turismo náutico e marítimo foram abordadas por Nuno Almeida, da APSS, que apresentou a realidade da oferta do Porto de Setúbal do setor, que dispõe atualmente de 820 lugares de acostagem, incluindo lugares sazonais, 30 operadores marítimo-turísticos, com 40 embarcações.
Sobre as oportunidades que o porto pode oferecer e desenvolver elencou um número de atividades que potencialmente podem vir a contribuir para o crescimento da atividade, nomeadamente no campo dos roteiros fluviais dedicados e a importância das infraestruturas, como a futura Marina de Setúbal, em parceria com a CMS, o Centro Náutico de Sta Catarina e a requalificação da “Doca dos Limões” nas Fontainhas.
O Desporto Náutico foi o tema abordado por Luís Liberato, da CMS, que depois de relevar a importância histórica e atual do desporto náutico em Setúbal e fazer um retrato sucinto da evolução dos praticantes setubalenses nas atividades desportivas náuticas e das associações desportivas que as desenvolvem, como o Clube Naval Setubalense, o Clube de Vela Setubalense e o Centro de Atividades Náuticas de Setúbal, alertou para a necessidade de apoios a essas associações, que até agora têm sido maioritariamente apoiadas pela CMS.
A conferência teve como último interveniente Ricardo Melo, do MARE – Centro de Ciências do Mar e Ambiente, que deu conta do primeiro levantamento cartográfico das pradarias do estuário do Sado, que englobou uma área de estudo 18,8 ha, com o objetivo de documentar a extensão da presença das ervas marinhas. Este estudo vai servir de ponto de partida para o estudo da evolução das pradarias no futuro. Tendo em consideração estudos anteriores de menor dimensão e não tão apurados, é possível concluir que se tem verificado um crescimento das pradarias marinhas no estuário do Sado.